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Doenças Emocionais: Cuidado com o sistema digestivo

A revista Doenças Emocionais me convidou para falar sobre as implicações psicossomáticas das doenças do aparelho digestivo. Ficou assim: 

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Cuidado com o sistema digestivo

 

Texto: Amanda Araújo

Você sabia que a mente também pode causar males à sua digestão?

Você pode não se dar conta disso, mas o seu humor e estresse estão ligados ao seu sistema digestivo. Se você tem intestino preguiçoso, por exemplo, pode ter certeza que não é só a sua alimentação a culpada disso – o cérebro também pode ter causado esse incômodo a você.

Mas como isso acontece?

João Rafael Torres, psicoterapeuta e analista junguiano, especialista em Psicossomática pela Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo (Facis), explica que o ventre é o centro do corpo, por localizar grande parte dos órgãos vitais. Portanto, o sistema digestivo é basicamente rico e “fala” da forma como processamos tudo aquilo que nos nutre ou intoxica. Ou seja, passada a garganta, o sistema digestivo é o primeiro grande filtro, onde só aquilo que é processado pela mastigação poderá ter aceso.

“Os conteúdos são digeridos por processos físicos e químicos, até seguirem ao intestino, onde serão triadas as substâncias benéficas das maléficas, que serão distribuídas por todo o corpo. O processo se encerra na eliminação dos resíduos que já não mais servem. Se fizermos um paralelo do alimento real com tudo aquilo que nos alimenta na vida, como informações, crenças, hábitos e vícios, conseguimos traçar correlações interessantes entre os processos de adoecimento e os quadros psíquicos. Podem falar da dificuldade de digerir experiências , de aproveitar conteúdos benéficos, ou até mesmo de expurgar aquilo que não mais nos serve”, explica o profissional.

Além disso, o cérebro possui neurônios cujas serotonina produzida vem do intestino, assim como o hormônio do crescimento. O intestino também tem ligação direta com o hipotálamo que faz com que as emoções se reflitam no intestino.

Prisão de ventre

O estresse, a ansiedade e a depressão estão totalmente relacionados à prisão de ventre, que é caracterizada pela dificuldade de evacuação. É importante salientar que a consulta com um médico especializado é fundamental para o diagnóstico correto e o tratamento adequado para cada caso. Mas, a rotina tão atribulada nos dias de hoje pode, si, prejudicar o bom funcionamento do intestino. Ingerir alimentos com fibras e beber mais água é tão importante quanto controlar as emoções para o bom funcionamento do sistema digestivo. “Bom humor, sorriso e hábitos otimistas são indispensáveis para todos que buscam a saúde, seja ela do corpo, da mente ou do espírito. Se nossos pensamentos são capazes de evocar emoções, e se as emoções participam diretamente da nossa fisiologia, quanto mais nos mantermos emuma frequência que evoca o bem estar, mais saudáveis estaremos”, afirma o profissional.

Atente-se aos sinais!

João Rafael Torres explica que a doença aparece de forma simbólica, ou seja, ela traduz algo, ensina algo, denuncia algo, orienta para algo ou transforma algo. E conseguir decifrar qual é esse sinal e o sentido de determinada patologia é um desafio e tanto. Porem, quando descoberto, a pessoa está livre da doença e volta a viver de forma mais saudável. “Em muitos casos, uma vez que esse conflito é evidenciado, a partir da psicoterapia ou análise, e trabalhando na mudança de crenças e hábitos, os sintomas simplesmente desaparecem. Há, inclusive, na literatura que trata do tema, diversos casos de patologias severas, como o câncer, que chegam a regredir severamente a partir disso. Obviamente, não defendo aqui a negligência aos tratamentos médicos, ou assumo um tom de ‘curandeirismo’ por psicoterapia. Mas é consenso na mediina contemporânea que a busca por um amadurecimento psíquico é uma forte aliada para bons prognósticos nos tratamentos de saúde”, diz. Portanto, esquecer-se desses sintomas “ocultos” é um grande erro, mas buscar ajuda especializada é imprescindível.

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