O que a ciência demonstra
Jung constatou que os sonhos têm uma função múltipla diante da psique. Além da compensação, como defendia a crença freudiana, cada sonho tem as funções de elucidar (explica ao sonhador os dinamismos psíquicos vigentes), educar (ensina estratégias para que cheguemos à resolução do conflito) e antecipar o futuro (aponta para os desfechos possíveis, preparando-nos para novas situações).
Fisiologicamente, o sonho se processa em períodos de intensa atividade cerebral durante o sono, semelhante à vivida durante os momentos de vigília. Isso se dá no chamado sono profundo, quando o tônus muscular do corpo diminui – um grande paradoxo: quando o corpo se relaxa, a psique decola em imagens tão surpreendentes!
Em descobertas recentes, neurocientistas da Universidade de Harvard atestaram o conhecimento antecipado por Jung no início do século passado. Eles comprovaram que os sonhos nos conduzem mais facilmente à solução de um problema. Na pesquisa, cem indivíduos foram expostos a um labirinto virtual em 3D, complicado demais para uma solução imediata da saída. Parte do grupo ganhou algumas horas de cochilo.
Ao retornarem à vigília, alguns indivíduos relataram ter sonhado com elementos do experimento. E, curiosamente, esses conseguiram solucionar o enigma do labirinto com até 10 vezes mais rapidez que os demais. A conclusão dos pesquisadores é de que os sonhos auxiliaram a organizar as informações, além de extrair das experiências os elementos mais importantes.
O experimento serve para que pensemos no desperdício que praticamos cada vez que deixamos nossos sonhos de lado. Quantas boas oportunidades de compreensão dos conflitos se perdem a cada manhã? Será que o que experimentamos durante o sono não dialoga com os sonhos que temos enquanto estamos acordados, ou seja, com o que almejamos para a vida?