Self

Olhar para dentro é olhar para o mundo

A psicoterapia é uma atividade recente, fruto de uma jovem ciência que é a Psicologia. Mas, na verdade, o que temos hoje é derivado de um conceito milenar. Há relatos históricos que na Grécia, desde 1200 a.C, os doentes do corpo e da alma eram internados em clínicas. Além das ervas e banhos, os pacientes eram submetidos a longas entrevistas, nas quais expunham os grandes dilemas da alma. A importância dos sonhos e dos oráculos já era reconhecida naquela época: as imagens eram interpretadas para nortear o tratamento e o prognóstico.

O conhecimento empírico da época inspirou os grandes mestres da psicologia moderna. Particularmente a Carl Gustav Jung, o criador da Psicologia Analítica. A partir dela, podemos compreender a constante interação que se dá entre consciência e inconsciente, com a finalidade de promover as transformações do Ser rumo à evolução.

Na maioria das vezes, a análise é vista como um movimento de cura para um mal psíquico. Entretanto, ela demonstra como as dificuldades impostas pelo mundo são, na verdade, sintomas da desorganização da alma. Ao dar nome e voz aos incômodos que vêm de dentro, você aprende a conhecê-los, controlá-los ou solucioná-los. O poder de cura não está simplesmente no falar, mas e sim no “ser ouvido”. A atenção plena do psicoterapeuta será o diferencial, na medida em que intervirá com perguntas e observações que favoreçam a reflexão. Assim se desenvolve o contraponto necessário, que colocará em xeque os conceitos prefabricados que o paciente carrega.

O exercício analítico ultrapassa a função paliativa: ao promover o autoconhecimento e a expansão da consciência, a psicoterapia oferece novas ferramentas para o enfrentamento dos problemas cotidianos, além de realçar qualidades até então adormecidas. Ao olhar para as demandas que vem de dentro, você se percebe alguém muito maior do que a consciência era capaz de conceber. E, cada vez que voltar à tona, emergirá mais forte, com mais integridade. Fiel a aquilo que verdadeiramente é, ao sentido maior de sua existência.

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