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Era uma vez um belo e virtuoso rapaz, que vivia do outro lado do rio. Em um dos passeios que fazia, deparou-se com uma imagem que o fisgou: uma moça desprotegida, pronta para ser desposada. Parecia ter o tamanho dos seus sonhos. Não fosse o fato de pertencer a uma família adversária.
Mas isso não é o suficiente para abalar a certeza do príncipe. Em nome desse amor, encontra a motivação necessária para enfrentar tudo aquilo que se opõe ao caminho. Exércitos, monstros, montanhas, abismos. A energia que nutre músculos e ossos tem uma fonte motriz: o coração. É a partir dele que nosso rapaz entende aquilo que chamam “força de vontade”.
Desejamos que esse príncipe acorde dentro de nós a cada amanhecer. Mas nem sempre o abrir dos olhos é suficiente para que vislumbremos as princesas que nos convidam a encontrar a treinar nossas habilidades para lutar. No entanto, nem todos os dias são animados – ou seja, cheios de alma.
Objetivos pedem ação
As princesas às quais me refiro são as diretrizes que determinamos para nossa existência. E elas só são razoáveis quando, de fato, fazem sentido – ou seja, possuem um significado legítimo, traduzem alguma face da nossa essência.
Quando encontramos esses norteadores, tudo se revitaliza. Até mesmo nossos recursos internos. Basta que tenhamos o chamado certo para recordar como fazer o que há muito não fazemos, ou para encontrar soluções para aquilo que parece se opor.
Um bom herói não se nega a reunir aliados em seu caminho. Ele sabe que isso não lhe tirará o mérito. Ao compartilhar suas vitórias com os demais, sabe que todos estarão mais próximos do destino que lhes foi traçado. A particularidade de qualquer objetivo deverá encontrar respaldo no bem comum.
Erros e acertos
Boas princesas são aquelas que nos colocam disponíveis para apostar no acerto, mesmo que, para chegar lá, tenhamos de correr o risco do erro. Não devemos enfrentar a vida, e sim enfrentar em nome da vida.
Essa mudança de perspectiva leva em consideração a capacidade de transformação que nos habita. É sábio o príncipe que percebe as circunstâncias e avalia se é hora de ser rígido e resistir, ou ser maleável e ceder.
Conquistar a vida
No fundo, o que buscamos nessas jornadas heroicas é testar nosso poder criativo. A vida se faz no caminho, e não na chegada. Muitas vezes, ao experimentar a satisfação de um objetivo, damos lugar a uma nova inquietação. E assim a vida ganha dinâmica.
Obviamente, não podemos nos gastar em causas perdidas, ou que não tenham um propósito para existir. Esse cansaço é perda de tempo. Também não precisamos enxergar nossas escolhas como algo tão definitivo. Devemos ser fiéis à nossa alma, e não àquilo que está fora de nós.
De perto, todos os príncipes têm cicatrizes de lutas. As princesas também mereceriam retoques. Mas é o casamento entre esses personagens internos que marca o nosso desenvolvimento.
Desenvolver é perder o envolvimento, afastar-se do que é cômodo e limitante. Assim, podemos ser aquilo que ainda não somos. Motivar-se é empenhar energia para essa finalidade. É acreditar, entregar-se, submeter-se. Quando fazemos isso, celebramos a chance de viver.