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Psique: “Manda nudes” é o novo paradigma nas relações. E o maior risco

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nudes

Há quem diga que está tudo de pernas para o ar. Outros defendem que o futuro chegou e que nos resta a adaptação. Não estou aqui para definir quem está com a razão. Mas uma coisa é fato: o povo anda meio perdido, um tanto equivocado, quando o assunto é relação a dois.

A impressão que dá é que, de uma hora para outra, ganhamos uma caixa enorme, lotada de ferramentas. Mas não temos habilidades para operá-las. E não há quem nos ensine, pois, até mesmo seus inventores se esqueceram de criar um manual de instrução.

Assim surgem inúmeras redes sociais. Hipoteticamente, instrumentos para unir pessoas com interesses comuns. Na prática, espaço para exposição de valores que nem sabemos direito se temos. É como se a pracinha da cidade do interior, onde os encontros se davam, tivesse crescido. Todos quisessem disputar momentos no coreto central. Para que? Na maioria das vezes, nem eles mesmos sabem.

Pornografia doméstica
Os primeiros aplicativos de relacionamentos eram bem estratificados. Os gays, por exemplo, foram pioneiros nessa linguagem. E encontraram um território para criar novos vínculos e, principalmente, liberar fantasias. Na maioria das vezes, vivenciadas no anonimato.

Agora, a coisa está democratizada e na sala de estar. Solteiros (e também os não tão solteiros assim) mantêm aplicativos similares instalados em seus smartphones. Desses, com câmera frontal e traseira, de resolução cirúrgica. E daí brota a tentação. “Manda nudes!” A frase ficou popular. A frase, não. O gesto.

São desesperadoras as histórias de pessoas que confiam a privacidade de seu corpo a quem parece ser uma boa opção de par. E, o mais incrível: quase sempre, as vítimas de exposição de intimidade visavam encontros meramente sexuais. Elas buscavam relacionamentos duráveis. Namorar, casar, constituir família.

Templo profanado
Não é uma questão de puritanismo e sim um alerta quanto ao despreparo. Poucos têm estrutura para lidar com as consequências de terem sua sexualidade devassada, comentada, escrachada. Esse é o grande risco quando se cede ao pedido de uma foto de nu.

Além disso, esquece-se que o corpo é a principal referência de quem somos. Antes de qualquer outro juízo de valor ou intenção, o mundo nos interpreta a partir da imagem que temos. É tacanho, mas funciona assim. Somos todos preconceituosos – a questão é intrínseca à natureza da psique, que se orienta com base em experiências anteriores, organizadas em complexos.

Bote nessa conta o véu de hipocrisia que nos envolve. O nudes da artista é assunto de bar, o nosso é segredo profundo. O recato que temos nos contextos sociais não corresponde aos desejos que guardamos nos porões da alma. A sexualidade ainda é um tabu, e esse paradigma parece estar longe de ser superado. Temos de lembrar que a curiosidade é contagiosa e geralmente nos envenena.

Falsa intimidade
Deter o registro da imagem desnuda do outro nos confere uma espécie de poder sobre ele. Inconscientemente, é justamente esse acordo tácito que se firma ao mandar um nudes. “Confio a você o meu segredo, meu bem mais precioso” – mal sabendo a quem entrega algo tão sensível. Querem, com isso, forçar uma intimidade que, na verdade, não está ligada ao corpo e sim à convivência.

Obviamente, há também quem não veja problema nenhum nisso. Nesses, poucos são os ditos bem-resolvidos (aqueles que naturalizam a sexualidade a ponto de não se deixarem levar pelo tabu coletivo). A maior parte é de quem perdeu as referências do que é sagrado em si, do autorrespeito. Despem-se de roupas, assim como de qualquer outro valor. Mas vale lembrar: na pracinha do interior, poucos ousavam tirar a roupa em público. Só os loucos.

Psique: O baile de máscaras – o outro te enxerga como você se mostra

crédito: Metrópoles

Beautiful redhead girl with long hair and blue eyes looking at herself in a broken mirror

 

Se o ano começa depois do carnaval, hoje é dia de recomeçar. E se todo recomeço é momento de novas escolhas, por que não aproveitarmos o momento para pensar sobre os papeis que nos definem no mundo? Talvez os que você mais usa já não condigam com aquilo que busca, daqui para frente.

Somos todos povoados por incertezas, angústias, fragilidades. Está na base da condição humana. E seria insuportável se lidássemos o tempo inteiro com o olhar do outro mirando tais vulnerabilidades. Isso nos motiva a buscar realçar determinados traços, que julgamos mais interessantes, para priorizá-los na relação com o outro. Há um esforço para apresentarmos o melhor espetáculo que podemos, na expectativa de não sermos reconhecidos por aquilo que buscamos negar.

Persona foi o termo dado por Jung para falar desta instância da nossa psique. Ele tomou o termo das máscaras dos teatros antigos. Daquelas que eram suficientes para que soubéssemos o que esperar de cada personagem, seja do seu temperamento ou do seu caráter.

Baile de máscaras
De fato, não conseguimos viver sem essa estrutura. Até quem se defende pelo argumento da sinceridade ou da autenticidade carrega, em si, uma imagem que impressiona o outro. Para estes, a persona é a do “autêntico”. Até estes participam do mesmo baile de máscaras. Diferentão é quem acha que não tem nada para esconder.

Viver esses papéis não é o fator problemático. O que merece atenção é a energia que dedicamos para que eles cresçam e se mantenham. Muitas vezes, hipertrofiamos um traço daquilo que somos em detrimento das demais características que carregamos. Ficamos chatos, monotemáticos, caricaturais.

O preço é alto: na medida em que me defino com ênfase de uma determinada forma, passo a ser reconhecido prioritariamente por esse papel. Encarnamos uma função coletiva: a mãezona, o correto, a sedutora, o perspicaz, a mestra… Todos carecemos de alguém que exerça algum desses papéis em certos momentos da vida. E recorremos, sem pestanejar, a quem os encarne.

Viver para o mundo
Ou seja, a persona nos coloca à disposição do mundo. Essa é a contrapartida exigida pela proteção que ela proporciona. Se temos dificuldades para alternar entre as diferentes máscaras disponíveis, a cobrança do mundo tende a ser maior. E também a nossa frustração: “não sou só isso, não respeitam minha individualidade”. A demanda do mundo não cessa, seja qual for o papel que eu resolva assumir.

Administrar as inevitáveis personas faz parte das tarefas de quem quer tornar-se indivíduo. Reconhecê-las é o primeiro passo. E, para isso, é bom ouvir o que o outro tem a dizer sobre você. É claro que nem tudo que será dito corresponde exatamente àquilo que você é. Mas trará pistas importantes a percorrer.

Coerência
Afinal, muitas vezes, estamos há tanto tempo com uma determinada máscara que esquecemos o formato que ela tem. Olhe-se no espelho – em outras palavras, reflita sobre você: tome certa distância e encare seu espectro. Esse exercício pode ser mais difícil, especialmente se você não se permitiu cumprir o primeiro passo.

É uma bobagem achar que a opinião do outro sobre mim não tem valor. Ela tem, e é importantíssima para que eu possa me conhecer. Favor não confundir isso com “ser o que o outro quer que eu seja”.
Tudo isso desperta a importância de avaliar as roupagens que nos vestem quando estamos diante do outro. Até porque uma persona pode abrir ou fechar portas para aquilo que buscamos realizar. Reciclar tais papéis é validar-se de forma coerente: encontrar a máscara que me represente naquilo que sou neste momento, e não no que fui.

Psique: Estamos muito deslumbrados com esse negócio de ostentação

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Golden rings collection

Uma rosca caseira, vendida por centavos, numa feira popular. Foi no sonho de uma paciente que a imagem apareceu. E, quando olhamos bem para ela, percebemos juntos o quanto dificultamos a vida, na medida em que buscamos incrementar demais aquilo que é simples. Para minha cliente, seria um luxo poder degustar novamente aquele sabor, naquele momento. Encantado pela descrição, luxuoso para mim seria experimentá-lo.

A verdadeira riqueza não está somente no glamour vendido pelas revistas de celebridades – quase nunca custeados pelas próprias, e sim por patrocinadores, interessados fisgar incautos, seduzidos pela imagem. Estamos muito deslumbrados com esse negócio de ostentação, já ficou até feio. Da mesma forma, não cremos mais no que é feito para durar, acostumamo-nos que tudo é substituível. Do celular às pessoas.

 

Catálogos de bem estar
O mais assustador é a facilidade com que tudo isso se dá. Quando, lá pelo fim dos anos 90, a Organização Mundial de Saúde previu que a depressão seria a doença do século 21. Concordo com a gravidade do tema, mas parcialmente. Talvez a OMS não vislumbrassse nesse levantamento a popularização dos smartphones e seus recheios, especialmente as redes sociais.

Quando esse fator entra na conta, a ansiedade cresce bem nesse páreo. E os transtornos de ansiedade podem alavancar as estatísticas de depressão. A compulsão engrossa esse caldo. Assim como ocorre na internet, na psique tudo se conecta. Doenças, inclusive.

Afinal, temos nos instagrans, facebooks e afins um catálogo daquilo que representa bem estar – e para mostrar como, apesar do que fizermos, estamos distantes dele. Esquecemo-nos, somente, que representações são correspondências. A imagem não é o deus encarnado, é apenas uma maneira de ter dele uma referência.

Quando olhamos para o mundo virtual, os personagens que observamos (e muitas vezes cremos ser ou existir) estão sempre cercados por uma série de conquistas e demandas-a-conquistar.

A casa linda, a viagem incrível, a roupa exclusiva, o corpo desejável, a relação completa, o filho esperto, a ideia sagaz, o humor cativante. Difícil mesmo é conseguir conciliar imagem e ação, expectativas e realizações. Cedemos nossa imagem a um personagem que aponta o dedo para o que nos deprecia. Crueldade maior não há.

Saber desfrutar
Viver bem se confunde com aquilo que temos angariado. E que, muitas vezes, sequer conseguimos desfrutar. Não por uma limitação cognitiva, absolutamente. Mas por não ter envolvimento, por falta de identificação ou correspondência. Não tem um afeto maior e genuíno que ligue a pessoa a tal objeto, cenário ou situação. A não ser o sentimento de pertencimento a um ideal: “com isso, serei feliz”. Ah, a velha ideia da felicidade, o motor que impulsiona tantos sistemas perniciosos…

Quando focamos naquilo que faz falta, tomamos distância das noções de contentamento e de satisfação. Não vemos que a rosca da infância é o sabor que precisamos. Não sabemos a hora de parar de ceder aos estímulos. O cerne da qualidade de vida é ter tempo para desfrutar o que alcançamos. Tempo = vida. A ansiedade faz com que o silêncio e as prateleiras vazias sejam perturbadores. Não ter exigência a cumprir se confunde com a falta de um sentido para existir.

Nada disso vem como uma apologia contrária aos traços do mundo contemporâneo, como as modernidades virtuais. Igualmente, longe de mim querer condenar os luxos. Também tenho os meus, e deles não abro mão – “que o supérfluo nunca nos falte”, como ensina Martinho da Vila. O samba, por exemplo, é um dos meus luxos. Alerto apenas para a coerência que busco ter. Não por preciosismo ou pedantismo, mas por economia: a vida é muito cara para a desperdiçarmos com luxos banais.

Outras Ondas : O dever de ser

Um grande paradoxo se estende para a existência humana: encontramos nas relações estabelecidas com o outro a melhor forma de nos reconhecermos como únicos e de sermos fiéis ao que somos. No contato que estabelecemos com o mundo exterior, percebemos as virtudes e limitações – uma alquimia de fórmula exclusiva, que rege cada ser.

No entanto, em grande parte das situações, estabelecemos relações fundamentadas numa verdade limitada: fixamo-nos em papeis preestabelecidos, nos quais nos sentimos seguros, por inspirarem uma maior aceitação do outro. Em nome da possibilidade do vínculo, abrimos mão de uma pluralidade. Colocamo-nos disponíveis a viver personagens e convenções, sem perceber que eles – mais cedo ou mais tarde – se transformarão na nossa maior condenação:  tornamo-nos escravos  de uma parte de nós mesmos.

Em geral, esses papeis têm origem em uma verdade: de fato, eles constituem uma parte nossa. Costumam partir de virtudes, que oferecem bons resultados, orientam boas decisões. Inspiram a sensação de sermos reconhecidos e desejados. E é aí que o perigo se esconde. A insuficiência das relações fugidias, em profusão no mundo contemporâneo, desperta um afã na possibilidade de um vínculo mais aprofundado. Topamos hipertrofiar um personagem bem quisto para crescer em aceitação no grupo: ele é colocado para trabalhar com prontidão, disponibilidade e eficácia. Fazemos o necessário para tornamo-nos inesquecíveis, indispensáveis – não pelo que somos de fato, mas pelo que podemos oferecer ao outro. E, assim, geramos expectativas e demandas na sociedade, na família e entre amigos.

Aos poucos, o artifício ganha força e passa a dominar as relações. Dificulta e chega a impedir vínculos de outra natureza. Mesmo percebendo o mal que isso nos gera, sentimos uma grande dificuldade de romper com a dinâmica estabelecida: tememos a possibilidade de perder o alimento afetivo, a atenção arrebatada do outro. Ficamos submissos, escravizados. É um vício.

Manter a atenção sobre esse conflito é altamente angustiante. Muitas vezes, torna-se mais ameno dissimular a questão sob o argumento das convicções. “Sou assim, é a minha natureza.” Minimizamos o prejuízo com argumentos infundados, como se devêssemos satisfação ao outro por nossas escolhas. Sim, até nessa atitude a finalidade está projetada do lado de fora, distante da alma.

Sendo esse vínculo alicerçado em expectativas, mais cedo ou mais tarde o indivíduo se sentirá no direito de cobrar pelos “serviços prestados”. E, na grande maioria dos casos, o interlocutor não se sentirá devedor. De fato, não o é: foi a sua pronta disponibilidade que levou o outro a usar seus talentos de forma abusiva. A relação traduz a sua natureza objetal, onde o sujeito não é reconhecido pelo que é e sim pelo que pode propiciar. A falta de recíproca leva à frustração, à sensação de tempo e energia perdidos. É grande o risco de que os vínculos anteriores sejam substituídos por outros, ainda mais perniciosos. Ancoram mágoa, ressentimento, rancor e outras toxinas emocionais. Muitos deprimem ao perceberem o erro cometido: em nome do outro, perdeu-se de si.

Ao construirmos numa imagem uma pedra de porto, mantemos distância da maior das virtudes: a capacidade de transformação. A vida é movimento. Estancar-se é limitar em si a capacidade de reinvenção, de enfrentamento às adversidades – ou seja, de crescer na diversidade e na adversidade.  “Viver é muito perigoso (…) O mais difícil não um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra”, Guimarães Rosa.

Outras Ondas: A culpa que somos nós (parte 2)

 

A culpa é um dos entes mais presentes no ambiente psicoterápico. Ela se atravessa em todos os caminhos, invariavelmente, em maior ou menor grau – à exceção de casos patológicos, como entre os sociopatas. Em algumas pessoas, ocupa local psíquico privilegiado: todos os gestos, ou restrições; deriva de uma dívida que imagina ter diante do outro. O culpado, muitas vezes, fantasia ser capaz de ser o responsável pela dita ou pela desdita de seus consortes. Crença esta que merece uma atenta observação.

Podemos acreditar que o mundo é, inteiro, interligado. De tal forma que, como disse o poeta, não se pode tocar uma flor sem abalar uma brilhante estrela. Assim sendo, interferimos direta ou indiretamente nos demais seres, mesmo quando não estamos atentos a isso. Essa troca ainda é mais efetiva entre os humanos, por verossimilhança e por sinergia dos afetos. No entanto, cada um carrega em si as suas estratégias de defesa e de diferenciação dos demais. Estamos complexamente conectados e, ao mesmo tempo, vivemos a individualidade – como células que, apesar de comporem o mesmo tecido, podem ser enxergadas uma a uma como organismos independentes.

A partir desse pressuposto, podemos questionar a capacidade de um alguém de desgraçar ou de abençoar a vida de outrem. Teríamos, verdadeiramente, tamanho poder? Creio que, em vez disso, podemos pensar que qualquer bênção ou maldição só pode ser concedida por alguém quando acatada por seu destinatário. Ou seja, o aparente agente passivo da relação que envolve a culpa pode não ser tão passivo assim. Aqui, a passividade surge mais como sinônimo de permissividade, ou seja, de aceitação e aprovação. Desta forma, o vínculo que se estabelece entre o culpado e o lesado é injusto a priori. Os primeiros se responsabilizam por algo que, de fato, seria alcançado pelo outro – independentemente de quem seja o agente deflagrador.

Os que se sentem lesados tentem a buscar culpados para seus dissabores. Apoiam isso numa crença que os aproxima de mártires: munidos sempre de inocência e boas intenções, geralmente incompreendidos e injustiçados diante dos feitos heroicos que abraçam. Transformam qualquer ser comum que lhes atravessam o caminho em empecilhos, em fatores divergentes ao serviço do bem. Se fracassam, é por culpa de alguém. E caso esse alguém não esteja atento a esse tipo de armadilha, se sentirá verdadeiramente responsável pelo dano na vida do outro. Cria-se uma disputa entre o bode expiatório e o cordeiro de Deus. Qualquer tentativa do culpado soará como reparação do malfeito, o que reforçará mais o “erro” do passado do que uma tentativa de corrigi-lo.

Por outro lado, temos aqueles que nem precisam de alguém que os aponte como culpados. São natos. Acham que a existência é, por si só, motivo para que sejam demais na vida dos outros. Tentam se esquivar de tudo que sugira provocar um possível incômodo em alguém. Pedidos de desculpa são fartos em seu discurso, como se o tempo inteiro estivessem ocupando muito espaço, interferindo naquilo que não os cabe. A esses, a culpa vem para dissimular um quê de presunção, de prepotência. Afinal, somente um ego demasiado grande é capaz de crer em tamanho poder de interferência.

Há também um motivo forte para a culpa: viver bem. Somos convidados a partilhar de tudo, especialmente das insuficiências alheias – mesmo que estas tenham sido motivadas por escolhas precipitadas, ou pela falta de coragem para viver. O lado bom sugere um quê de constrangimento, capaz de inspirar algumas pessoas a mentir, ocultar ou diminuir a verdadeira graça de viver. Transformam sucessos em segredos pessoais – motivo de prejuízo, como nos alerta Jung. “Qualquer segredo pessoal atua como pecado ou culpa, independentemente de ser considerado assim ou não do ponto de vista da moral coletiva”.

O primeiro, e talvez maior, desafio para combater a culpa é desacostumar-se dela. Não é fácil se desvencilhar de algo tão aprofundado nas nossas bases psíquicas – seja pela cultura, seja pelas heranças familiares, seja por aquilo do que nos arrependemos. Cabe reconhecer a nossa imperfeição. Ao assumirmos a própria vida, estamos mais vulneráveis ao erro. Mas também mais propensos e disponíveis ao acerto, àquilo que me aproxima do meu ideal de realização. Falhas sempre hão de existir. Mas elas não devem ser a prioridade e, como tal, não podem empatar as possibilidades de avanço. Não permita que a culpa inviabilize sua chance de experimentar a felicidade.

nivas gallo