Por que a gente não deu certo? Ninguém inicia uma história de amor pensando no dia em que ela se encerrará – e, convenhamos, esse dia chegará, mais cedo ou mais tarde. Quando acontecer, poderemos simplesmente esquecer o bom vivido. Toda relação dá certo por um tempo. Depois, acaba.
O que aconteceu de errado? Daí, quando acaba, inicia-se um pregão para disputar quem fica com a razão. Para crescer com a experiência? Nem sempre. Não há manuais que garantam eficácia nas relações. Errar faz parte do processo, é o risco que assumimos enquanto estamos tentando.
Será que a culpa foi minha? Nem sua, nem de ninguém. A baixa autoestima faz com que busquemos esse tipo de julgamento. As sentenças podem ser pesadas demais, e fundamentadas em feridas anteriores. Muitas vezes, o fim foi a melhor saída para evitar danos ainda maiores.
Entre nós, tudo ia bem. Os outros que eram o problema. Vivemos em comunidade e a vida sem “o outro” não existe. Eles, de fato, perturbam muito. Principalmente por espelharem grande parte dos nossos conflitos mais profundos: inseguranças, vícios, feridas. Acredite: uma relação blindada do mundo não duraria para sempre.
Por que complicamos tanto as coisas? De fato, tudo poderia ser mais simples. Mas somos seres complexos. Isso significa que nossos fatores psíquicos se engancham uns nos outros, o que muitas vezes nos leva à falta de coerência. Queremos sempre que as relações caminhem bem. Nem sempre conseguimos agir positivamente em nome disso.
Por que com os outros parece tão fácil? A grama do vizinho só parece mais verde porque, de longe, não vemos as pragas que a infestam. Comparar relações é um grande erro, especialmente por expor nossas vulnerabilidades de uma forma perversa. Ninguém erra por má vontade, simplesmente. Mas por não ser capaz de fazer melhor.
Tudo seria diferente se tivéssemos conversado mais. Concordo. Mas parece que invertemos a ordem das coisas, na medida em que a relação se aprofunda: vamos perdendo a vontade de conhecer as verdades do outro, enquanto passamos a impor mais o nosso jeito. Isso mina a intimidade e aguça o medo.
Você consegue me compreender? Você está sabendo expressar o que sente? Muitos dos desentendimentos se dão por uma inabilidade de comunicação, como se os agentes falassem em idiomas incompreensíveis. Isso faz com que objetivos comuns sugiram competitividade, por exemplo. Falar, sempre, é a forma mais honrosa e respeitosa de ajustar as coisas. Até mesmo na separação.
Como vou reagir quando te encontrar? Terminar uma relação não apaga uma parte da nossa história. O outro não se transformará em um estranho, ou num inimigo. Uma parte de cada pessoa com quem nos relacionamos ajuda a constituir quem somos, assim como levará um pedaço nosso. Agradeça por aquilo que ganhou e pelo que pode oferecer.
Será que vou conseguir amar novamente? É bem provável – felizmente, tendemos a acreditar na renovação. No entanto, esse novo amor dependerá da forma como você consegue encerrar o momento. Faça um inventário dessa relação, sem má vontade. Até para evitar que os mesmos equívocos se repitam nas próximas.