Self

Terceiro Milênio: Tarot Analítico

Replico aqui artigo de minha autoria sobre o método Tarot Analítico. O texto foi publicado na edição de fevereiro da revista Terceiro Milênio.

Tarot Analítico: o oráculo interpretado a partir da optica junguiana

O fascínio pelos oráculos é fruto da consciência do homem de que terá um futuro – o que pode ser uma dádiva ou um castigo a depender do momento e de quem observa. A prática oracular é ancestral e tem origem incerta. Acredita-se que surgiu a partir da observação de fenômenos naturais e da correlação destes mesmos acontecimentos com fatos da vida cotidiana. Com o tempo, passou a ser interpretada como tentativa de preleção do futuro e, posteriormente, como instrumento de orientação.

É seguro dizer que os oráculos tiveram uma participação ativa no papel de formação das civilizações e que estão presentes em todas as culturas. Junto com elas, os oráculos sofrem adaptações e atualizações – basta observar os inúmeros oráculos eletrônicos que temos na atualidade e a eficácia atestada por indivíduos que a eles recorrem.

O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, criador da Psicologia Analítica, estudou atentamente a participação da mística no funcionamento da psique. Naturalmente, encontrou nos oráculos um campo fértil de pesquisa, dedicando-se principalmente à astrologia e ao I Ching. Jung concordava que os instrumentos promoviam um diálogo franco com forças invisíveis. Mas, em vez de espíritos e gênios, ouvia nos oráculos a voz do inconsciente. Ao receber essa interpretação, os sortilégios ganham outra roupagem: se transformam em veículos interessantes ao processo de autoconhecimento.

O tarot, um dos oráculos mais populares no mundo ocidental contemporâneo, pode ser uma ferramenta eficiente para esse propósito. Ele corresponde a um mapa da jornada do indivíduo rumo à plenitude, construído a partir de imagens arquetípicas – padrões resultantes de todas as experiências humanas, partilhados por todos, e que são capazes de nortear nossos comportamentos, pensamentos e emoções. No momento em que um grupo de cartas é selecionado, temos a visão de um recorte deste mapa, capaz de nos situar sobre os conflitos que enfrentamos, a melhor forma a transpor tais barreiras e a recompensa atingida por este esforço. Pela óptica junguiana, quem nos dá esse indicativo é o Self, a representação da totalidade psíquica, a “centelha divina” que nos habita com sua sabedoria inata.

Essas são as premissas que usei para desenvolver o método Tarot Analítico, que mescla os conceitos da psicologia junguiana à leitura das cartas. A partir dos símbolos e mitos presentes em cada arcano, o consulente é chamado a refletir sobre os padrões emocionais, expectativas e negligências vividas no momento – e também sobre a participação de cada um desses aspectos na manutenção do problema, em vez da solução do mesmo. Ou seja, o tarot convida à autoanálise e, com ela, é capaz de promover a ampliação da consciência.

Enxergar o oráculo como uma chave para o autoconhecimento e desenvolvimento pessoal é, antes de tudo, confiar que podemos ser guiados com sabedoria por esse invisível – sendo ele chamado de Deus, de Self etc. O oráculo desmascara a nossa tentativa de controle exaustivo, mas também nos desperta a agir. Dá a clareza necessária para o entendimento da postura adotada diante dos nossos objetivos, e do que precisa ser feito para que possamos alcançá-los. Aprendemos a medir nossos medos e ansiedades. Entendemos sobre a verdadeira função dos outros em nossa vida, e vice-versa. Com ele, nos tornamos mais responsáveis pelo futuro que tanto desejamos.

(http://www.terceiromilenionline.com.br/105/tarot.php)

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