Self

Outras Ondas* – Bach e a história dos florais

Muitos enxergam os remédios florais com descrédito. Outros priorizam o método como opção mais saudável para lidar com emoções em descompasso. O crescente número de adeptos das gotinhas tem levado ao desenvolvimento de diversos sistemas florais mundo afora. O sistema de Bach continua como a principal referência, pelo pioneirismo. Ele foi criado pelo médico inglês Edward Bach entre os anos de 1930 e 1934. Quarenta anos depois, passou a ser reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como método alternativo para a promoção da saúde.

A pesquisa do Dr. Bach se deu de forma empírica, a partir da observação das plantas que compunham o as imediações da casa dele. Nessa análise, ele identificou que cada espécie tinha uma forma peculiar de “comportamento” no relacionamento que estabeleciam com as demais plantas e com o meio em que estavam inseridas. Curiosamente, eram padrões bastante semelhantes aos apresentados pelos pacientes que o procuravam. O médico também percebeu que as dinâmicas emocionais dos doentes tinham uma relação direta com o prognóstico: cada um reagia de forma diferente ao mesmo tratamento, apesar de apresentarem a mesma patologia. Entendeu, assim, que para obter a cura real era mais importante compreender a enfermidade, em vez de simplesmente livrar-se dela – conceito que sustenta os estudos sobre a psicossomática.

Admirador e prático da homeopatia, o Dr. Bach usou a mesma base desse ramo da medicina na criação das 38 essências que criou. O princípio ativo dos florais é energético, e não químico. Corresponde a um radical mínimo, que conduz no remédio o padrão de comportamento apresentado pela planta. Dessa forma, criou um sistema seguro: não provoca dependência química, nem interação medicamentosa ou possibilidade de intoxicação. Age somente sobre as emoções, por similaridade. Ou seja: o floral só age se há ressonância nas emoções de quem o usa. Caso contrário, ele não é assimilado – não desperta efeitos indesejados, como ocorre quando usamos tomamos um remédio químico errado.

O sistema é simples por prioridade do criador. O desejo dele era de que cada indivíduo fosse capaz de observar-se e perceber quais seriam as essências mais indicadas para o momento. O legado do médico está registrado em um livro fininho, de linguagem simples e direta – tudo muito condizente com aquilo que acreditava. Os remédios florais do Dr. Bach (Ed. Pensamento) está dividido em duas partes: Cura-te a ti mesmo, onde conceitua essa nova medicina, e Os doze remédios, onde apresenta as 38 essências e a melhor forma de usá-las. A cada dia, o sistema criado por Bach é revisitado por teóricos em terapias alternativas, que tentam ampliar os ensinamentos dos médicos. Nem sempre conseguem fazê-lo com a eficácia do original.

A eficácia das gotinhas em bebês e animais tem desperta a curiosidade entre os mais céticos da comunidade médica, pois, nesses casos, não há como pensar em efeito placebo. A explicação mais condizente para a ação dos florais vem da física quântica, a partir do estudo sobre o dinamismo energético. Um tema complicado demais para tentar explicar aqui – além de irresponsável, seria leviano para com os pesquisadores da área.

Quando observava plantas e flores, o Dr. Bach teve a sensibilidade de perceber o símbolo que se apresentava em cada uma delas. A cura promovida pelos florais também é simbólica: nos evidencia fragilidades, mas não se esgota como possibilidade única e definitiva.

Os remédios das flores têm a capacidade de refinar os canais de percepção de quem os usa. Despertam, dessa forma, uma atenção maior sobre os padrões emocionais que desenvolvem. E é assim que a cura se processa: em vez de combater a ansiedade, por exemplo, o floral nos leva a refletir sobre os fundamentos e conseqüências que esse comportamento gera. Dessa forma, age como um ampliador para a consciência e oferece uma chance de aprimoramento pessoal. Não deve ser buscado como um simples amenizador de sintomas, e sim como um instrumento para compreender a função que eles têm na nossa vida.

* A coluna Outras Ondas é publicada aos domingos no blog da Revista do Correio: www.correiobraziliense.com.br

nivas gallo