Self

Psique: Quanto mais nos conhecemos, mais aproveitamos os sinais que recebemos

 

O acaso sempre foi uma opção quando estamos diante de um dilema. A mais assustadora entre os controladores, é verdade. A mais fácil entre os negligentes. Mas também pode ser a mais sábia, para os mais conectados com a alma.

Jung conceituou a sincronicidade como um dos canais de interlocução do inconsciente com a consciência. Ele percebeu que certas coincidências, aparentemente acausais, tinham a capacidade de alterar o ritmo da vida, ou de oferecer a quem as vive um significado existencial até então desconhecido.

É como se, por um instante, pudéssemos experimentar a sensação de que “tudo faz sentido”.

Não devemos banalizar o termo: nem toda coincidência é uma sincronicidade. Mas, quando é, fica evidente: sente-se imediatamente essa sensação de aprofundamento, de clarificação do olhar, de correção de rota. Quem já experimentou entende o que estou dizendo.

Os eventos sincronísticos são atos diretos da criação da psique. Ou seja, não há como garantir como e quando acontecerão. O ego, um tanto inconformado com essa ideia de espontaneidade, busca meios para tentar facilitar esse acesso.

Assim foram criados as incontáveis formas de oráculos. Eles nascem com a associação de eventos externos à dinâmicas internas (emoções, necessidades, percepções) a eventos externos. Nossos ancestrais liam a própria história, e orientavam-na, a partir do que viam na natureza.

Tarot, i Ching, runas, búzios, um versículo bíblico escolhido ao acaso… Esses são apenas amostras de sistemas oraculares. Mas todos nós, internamente, carregamos o nosso repertório de associações, o nosso método particular de indagações ao acaso.
E muitas vezes encontramos nele as respostas que precisamos. Na medida em que silenciamos o ego diante do mistério, a alma tem a chance de ser ouvida em sua manifestação mais genuína.

A resposta é sempre clara e evidente, nossa alma é clara. É a resistência do ego que a faz inaudível. Queremos respostas que condigam com o desejo, nem sempre estamos dispostos àquilo que é necessário.

Quanto mais resistente formos, maior o risco de confundirmos a sincronicidade com fatalidade: é como se o mundo estivesse contra nós, a dita lei de Murphy. Quando, se observados com mais atenção, tais eventos podem apresentar um profundo significado.

Um alerta, um indicativo, uma oportunidade. Quanto mais nos conhecermos, mais poderemos aproveitar dos ditos sinais que recebemos a cada momento. São sinais de confiança e entrega diante do grande chamado existencial: melhorarmos, para que tudo melhore.

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