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“O olhar de uma mulher faz pouco até de Deus, mas não engana outra mulher.” Vejo verdade nos versos de Chico Buarque de Holanda. Como homem, inclusive. Coloco-me reverente ao poder infinito do feminino. E me entristeço, intimamente, com aquelas que não acessam essa fonte.
Conheçam Maria Quitéria, Elza Soares, Clarice Lispector, Irmã Dulce. Stella de Oxóssi, monja Coen, Viviane Mosé. Raimunda, Ismália, Daniela, Fabíola, Mariene. De onde estou, é para elas que olho. Para ver como me veem, ou veriam. Cada uma, a seu jeito, sendo mulher do tutano do osso aos cílios – postiços ou não.
Poder nas vísceras
A ideia desse texto partiu da conversa de três homens, todos declaradamente rendidos aos atributos do feminino. Seja daqueles que vivenciamos por meio de projeções, seja daqueles que acessamos a partir do nossa ânima – a porção de mulher que habita cada homem.
Falávamos do filme “O conto dos contos”, ainda em cartaz. Nele, a história de três reis submetidos à força do sexo oposto, que lhes invadia de fora para dentro e de dentro para fora. Vale a pena assistir para sabermos como os afetos podem mobilizar o homem ao extremo, levá-los à ruína dos impérios. E também para entender a natureza visceral da mulher, a fidelidade que têm às emoções.
E é das vísceras que brota esse empoderamento que falo. A mulher é a mãe do eros, do desejo, do envolvimento, da relação, da transformação. Da capacidade de resistir, de persistir, suportar. Das artes da paciência, do cuidado. Sem o feminino, nenhuma terra é fecunda, nada vinga. Tudo fica solto, nada faz sentido.
Resgate de valor
No entanto, a vida é injusta em muitos momentos. O poderio masculino reduz tanto a mulher que, muitas vezes, elas chegam a assimilar essa ideia. Enxergam-se menores. Ressaltam incapacidades e insuficiências – além daquelas que deveriam ser particulares a qualquer ser humano, ressalto. Uma mulher subjugada a essas crenças é a coisa mais triste do mundo.