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CBN: Tarot Analítico e oráculos para o fim de ano

No dia 14 de dezembro de 2011, concedi uma entrevista ao repórter Brunno Melo, da Rádio CBN, sobre a eficácia de oráculos para o planejamento do ano novo. O conteúdo foi veiculado no dia 16 de dezembro, com reapresentações na programação da rádio. Reproduzo o link para o material logo abaixo. 

 

CBN: Tarot Analítico e oraculos para o fim de ano by joaorafatorres

CasaPark: As boas vibrações do réveillon

O shopping CasaPark me convidou para escrever um artigo sobre o valor das superstições e dos rituais praticados durante o réveillon. Reproduzo logo abaixo. 

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Uvas à meia-noite, roupas íntimas com cores especiais, presentes à mãe das águas. A passagem do ano é um momento de íntima conexão dos homens com o mundo sobrenatural. Até mesmo quem não acredita muito se permite a viver uma certa superstição, uma mandinga amiga. Os pedidos são dos mais variados, mas em geral predominam os votos de abundância e de renovação de energias para o ano que se inicia. Mas qual seria a validade desses rituais?

Os rituais surgem como uma tentativa do homem de manipular a natureza em benefício próprio. Buscam, assim, uma forma de negociar com os deuses: consagrações de objetos para promover a caça, as colheitas e amores; sacrifícios para conter a sua fúria manifesta nas doenças, pragas e fenômenos destruidores.

Essa crença é tão fundamental para o homem que se apresenta, de forma espontânea, nas mais diferentes culturas. E também não é superado com o tempo. Em geral, eles são o marco para o início em uma nova fase da vida: ganhar a primeira bicicleta, o trote do vestibular, o casamento, o funeral… Parecem ser menos primitivos do que a imolação de animais nos ritos pagãos. Mas, na psique, carregam a mesma força e importância.

 Nós, brasileiros, somos o resultado de uma mescla incrível de culturas. Índios nativos, europeus e africanos influenciam nosso povo com uma série de tradições que, por mais controversas que pareçam ser, casam-se com maestria na transição entre os anos. Nesse período, presentear as águas de Yemanjá com uma flor deixa de ser um pecado até para o mais devotado católico. Assim como o seguidor do culto afro fica à vontade para comemorar o Natal, sem se sentir em contravenção com os deuses negros. O período é de respeito à diversidade e integração.

 

 Excedemos até as fronteiras entre as tradições que conhecemos. Seguimos ritos celtas, gregos, incas – sem mesmo saber a origem de cada tradição. Ou você nunca guardou sementes de romã na carteira? Elas remetem ao mito grego de Perséfone (foto ao lado), filha de Deméter, a deusa da fertilidade. Todo ritual se baseia num símbolo: frutos com muitos sementes chamam a prosperidade, assim como banhos nos remetem à purificação. Cores inspiram temas: vermelho, cor quente, para quem quer paixão; amarelo, cor do ouro, para quem busca dinheiro.

Em geral, uma crença otimista não implica em nenhuma espécie de dano à saúde psíquica. É justamente o contrário. Cada vez mais, a neurociência aponta para o que os sábios já intuíam: os bons pensamentos favorecem o bem estar. Dessa forma, marcar a passagem do ano com rituais é uma boa prática, especialmente para que o indivíduo se disponibilize aos desafios do novo período. Mas faça aquilo que se sentir à vontade: nada que venha a ferir as suas crenças mais íntimas, o que poderia gerar um quê de culpa. E, obviamente, sem exageros: interprete os rituais como um auxílio extra, e não como fator condicionante da sua felicidade. É só se valer da cultura popular: se bem não faz, mal não há de fazer.

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Clique aqui para ler o conteúdo no site do CasaPark.

Meia Um: Novos tempos, velhos dias

 

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 É estranha a surpresa que muitos demonstram ter ao se deparar com o fim do ano. Tentam crer que, num piscar de olhos, o tempo correu. Daí vêm Papai Noel, champanhe, flores no mar. Renovação de votos, demonstração dos carinhos contidos, planos a definir. Ah, os planos. Deles não há quem fuja. O período de encerramento inspira um quê de feitiço, de transformação instantânea da vida. Dezembro chega e se dá a largada na busca pelo balcão de recall da sorte. E quanto mais se envereda por esse caminho, maior a proximidade com o autoengano.

Acompanho de perto essa movimentação, no meu ofício de tarólogo e psicoterapeuta. Vejo pessoas em busca de soluções surpreendentes para questões que se arrastam anos a fio. Nessa peleja, sofrem exponencialmente os perfeccionistas e os ansiosos. Dedicados, vão querer quitar todos os débitos de vida adquiridos para começar o novo período zerado. Ou, preferencialmente, já no lucro. O bom futuro, feliz e livre do sofrimento, é a vontade de todos. No entanto, para garanti-lo, é necessário crescer o empenho no bem-viver do presente. Não é possível ignorar a realidade das coisas: o encadeamento dos fatos é o que nos conduz de u m lugar a outro.

A cada fim de ano, empilhamos uma série de procedimentos e posturas a reformar. Os mais sistemáticos fazem questão de encadeá-los em listas, devidamente esquecidas no fundo de alguma gaveta. Há também quem, nesse período, aproveite para revisitar os propósitos do ano passado. Muitos deles despertam um riso interno. Quanto foi caminhado até a concretização dos planos? Se algo não deu certo, de quem é a culpa? Os embargos foram resultados de ações de terceiros, de conspirações estelares ou de um baixo empenho diante do que foi almejado?

Nas mídias, estatísticas mostram que as histórias de superação dominam a preferência do público em geral nesse período. Todos querem conhecer alguém vindo de uma condição de vulnerabilidade, que, posteriormente, reverteu tal situação ao aproveitar a boa chance. Tais relatos são edificantes, é verdade. Podem inspirar ao embate, encorajar para a resolução dos problemas. Mas podem também servir a uma simplória compensação: “Eu sou feliz com a sua felicidade”. Ou, pior, despertar um sentimento de menor valia diante das próprias vulnerabilidades: “Quem me dera ter a mesma capacidade, assim resolveria minha vida”.

 Iludidos em nossos sonhos, à espera de soluções mágicas, adentramos na via régia da frustração. Ela tem, em sua marginal, a estrada da culpa. Mais cedo ou mais tarde, elas se encontrarão numa pista única. Viver bem, dentro das expectativas que planejamos, é resultado da responsabilidade. Quem não assume o posto de capitão da nau seguirá, mesmo que não queira, os desígnios alheios. O caminho de quem assume o papel de líder de si mesmo é estreito, desconfortável. Espelha o peso dos nossos atos, palavras e pensamentos – ou mesmo a ausência do fazer, do dizer e do refletir.

 Desejar é um impulso inerente ao humano. O problema está na escolha do que se quer: deve ser condizente com o meu tamanho, nem para maior, nem para menor. O exercício da decisão é, antes de qualquer coisa, fruto do autoconhecimento. Quem desconhece suas verdadeiras potencialidades e expectativas corre um grande risco de sonhar o sonho do outro, e de arcar com as consequências disso. Destituir-se da ilusão, e da culpabilidade, é um valor dos líderes natos. Daquelas pessoas que atraem a inveja pela “sorte” que têm.

 Nesse movimento, a passagem do ano soa como uma boa oportunidade de avaliação e não de prospecção.  A tal felicidade passa pela revisão de valores e pelo questionamento destes. Sem medo, pois há 50% de chance de que eles sejam corroborados sem prejuízo para o que é sonhado. Mas é preciso ser honesto consigo e com o que deseja. Afinal, os valores só existem no olho de quem olha – pergunte a um faminto se prefere um Monet a um banquete e entenderá a premissa.

 A tal felicidade é um estado efêmero, geralmente percebido quando se perde. Mas é com a atenção plena que cada um descobre o que pode aproximá-la de si. Nessa busca, esqueça de confiar na generosidade do tempo – ele é, na verdade, um deus impiedoso com quem o negligencia. E, infelizmente, tendemos à negligência. Para quem ainda me pede uma mandinga para o próximo dia 31, com o intuito de que todos os desejos se realizem a um passo, costumo prescrever: encare-se no espelho e diga “muito prazer”.

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BBel – Uol: Estresse de fim de ano

Concedi uma entrevista para o portal BBel, do Uol Estilo, sobre o estresse causado pelo período de fim de ano. Reproduzo abaixo o conteúdo.

Estresse de fim de ano afeta a saúde

 

Fotos: BBel - Uol Estilo

 

Quando o fim do ano se aproxima, as pessoas se sentem sobrecarregadas com o excesso de trabalho, gastos e obrigações, o que causa estresse. Mesmo sendo um período de confraternização, é comum nos sentirmos estressados, desanimados e forçados a demonstrar uma alegria que pode não fazer parte da nossa vida naquele momento.

“No final do ano é comum as pessoas se sentirem estressadas porque acumulamos diversas atividades, como relatórios finais de trabalho ou de faculdade, rematrícula das escolas dos filhos, compras de presentes etc. Além disso, há um clima de felicidade e generosidade no ar, que muitas pessoas sentem que precisam corresponder”, afirma a psicóloga comportamental Jéssica Fogaça, da Estímulo Consultoria.

“Tudo isso gera ansiedade e tensão, que identificamos em nosso corpo como estresse. O estresse, na verdade, é a tensão causada pelo desequilíbrio interno do nosso organismo”, explica Jéssica.

Além dos afazeres cotidianos, temos de conciliar o fim do ano com uma série de comemorações, preparativos para as férias, planejamentos econômicos e shoppings lotados. “Tanta coisa a fazer gera uma impressão de atraso diante dos afazeres. Nem sempre sabemos respeitar o tempo do corpo e pulamos os momentos de repouso. Aí, quanto mais nos dedicamos aos múltiplos compromissos, mais nos estressamos. A necessidade de quitarmos o ano que se encerra também pode causar
angústia”, avisa o psicoterapeuta junguiano João Rafael Torres.

“O final de ano e começo de um novo, as festas de confraternização e os encontros familiares obrigatórios podem tornar este momento extremamente tenso e desgastante, originando o estresse”, adverte a psicóloga Mariah Bressani.

É no fim de ano que fazemos um balanço de tudo que fizemos e conquistamos durante este período, representado pelos 365 dias do ano. “Este ciclo é uma convenção da nossa sociedade e não deveria representar algo tão sistemático e impassível, como muitas pessoas encaram”, lembra a psicóloga comportamental Jéssica.

Devido à soma de problemas e afazeres, o estresse pode afetar a saúde. “Se a pessoa já estiver com a saúde debilitada devido à baixa de imunidade, com o estresse da correria de compras, gastos e confraternizações, ela pode contrair uma virose ou uma gripe”, alerta Mariah.

Como as pessoas ficam muito sobrecarregadas e o nível de ansiedade cresce bastante, outros problemas de saúde podem surgir. “As doenças mais comuns nessa época do ano são dores de cabeça, azias e problemas estomacais, alergias em geral, pressão alta, insônia e, em casos mais graves, doenças cardíacas”, ressalta Jéssica.

“Quanto ao efeito psicológico desta correria do fim de ano, a pessoa pode ficar depressiva, que é uma depressão sazonal, ou seja, do período. A pessoa pode não se sentir no clima das festas ou acreditar que não há motivos para tantas comemorações”, explica a psicóloga Mariah.

O psicoterapeuta João Rafael adverte que os mais ansiosos ou perfeccionistas podem sofrer mais com o estresse de fim de ano. “Por este motivo, é importante saber que as atividades precisam ser alternadas com momentos de calma e de introspecção”.

Portanto, fique atento e controle o estresse. “Ao sinal de qualquer incômodo no corpo, é o momento de procurar um médico. Que tal arranjar um tempinho para fazer um check-up?”, aconselha Jéssica.

Para controlar o estresse de fim de ano, basta tomar algumas medidas. “É necessário saber dizer não para compromissos que você sabe que não conseguirá cumprir ou que exigirão muita energia para sua realização. Outra coisa que pode funcionar é delegar funções. Não tente fazer tudo sozinho, distribua tarefas para as pessoas que estão envolvidas nas situações”, ensina Jéssica.

Também é possível evitar o estresse quando você consegue eleger o que é prioritário realizar. “Pergunte-se: minha presença é indispensável? Em que este compromisso contribuirá com as minhas relações sociais, com o meu bem-estar e com o bem-estar da minha família? Posso deixar essa tarefa para depois do período de festas? Você pode se surpreender ao realizar este exercício e  descobrir que muita coisa pode esperar até o início do ano, quando o ritmo é mais calmo”, aconselha João Rafael.

Outra dica é ter mais paciência . “O final do ano é como um combinado geral e silencioso da colheita do que foi plantado ao longo do ano. Presume-se que todos devam estar felizes porque conseguiram tudo o que almejaram. Mas não é bem assim que acontece. Não há a obrigatoriedade de tudo ser feito ou realizado no prazo de um ano. Muitos objetivos precisam de um longo processo de trabalho e investimento para os resultados serem, de fato, alcançados”, esclarece Jéssica.

“Encare este período com leveza, sem se pressionar e tendo consciência que é um estresse passageiro” , recomenda a psicóloga Mariah. “Saiba também otimizar o seu tempo. Concentre, por exemplo, a compra dos presentes para uma ou duas visitas ao shopping”, sugere o psicoterapeuta João Rafael. Além disso, reservar um tempo para si é fundamental. “Faça algo que você goste, como ir ao cabeleireiro, fazer uma massagem, marcar um almoço com amigos ou ir ao cinema”, avisa Jéssica.

“Para evitar a frustração no final do ano, o segredo é estipular poucas metas e traçar um plano de ação com pequenos passos a serem conquistados. É imprescindível ser realista com os prazos que você mesmo determinará, pois é melhor demorar mais tempo para fazer algo e executar, do que não realizar nada”, informa a psicóloga Jéssica.

Clique aqui para ler a reportagem no site.

Quero comer: Comida de santo

Concedi uma entrevista para o portal Quero Comer sobre a culinária dos terreiros de candomblé, numa reportagem especial sobre a contribuição dos negros para a gastronomia brasileira. No texto, divido explicações com a querida Yayá do Acarajé, Oyá nata. Reproduzo aqui parte do material.

 

 

Comida de santo

A comida preparada pelos negros sempre foi muito discriminada, uma vez que as receitas tinham forte ligação com o candomblé. “A religião africana era considerada pagã e praticada sempre à margem do catolicismo, como uma coisa das minorias. A isso se soma a escassez de comida, que já vinha desde a África e ao chegar ao Brasil não mudou nada. Esses fatores geraram uma relação entre a comida e o sagrado, motivando uma necessidade de oferecê-las em sacrifício aos orixás”, contextualiza o analista junguiano e pesquisador em símbolos das religiões afro-brasileiras, João Rafael Torres.

O candomblé é uma das heranças africanas que ainda permanecem por aqui. Na África, casa região cultuava uma entidade e ao chegar ao Brasil, vindos de diferentes lugares, todas essas crenças se fundiram. O mais comum por aqui é o ritual da nação Ketu (vindo da Nigéria), da qual o deus maior é Olorum, e que também conta com diversas divindades (orixás).

Como cada orixá é considerado uma face diferente de Olurum, fazer uma oferenda a ele significa cultuar o deus maior. Cada divindade tem o seu dia da semana e a sua comida. Antes de cada oferenda, o alimento tem de ser dedicado a Exu, uma espécie de porta-voz entre o mundo dos deuses e a terra. “Segunda é o dia de Omulu, para quem oferecemos o deburu (uma espécie de pipoca). Já na terça, é a vez de Ogun, a quem cultuamos com inhame assado”, ensina a baiana Lucia Maria Cerqueira Santos, que comanda o Acarajé da Yayá, na CNB 12, atrás do Top Mall.

Toda quarta-feira, a homenagem vai para Iansã, orixá dos ventos e das tempestades. A lenda conta que ela era casada com Xangô, possuidor do segredo do fogo. Procurando desvendar os mistérios do marido, Iansã encontrou uma panela e quando a destampou começou a cuspir bolas de fogo. Dessa história, surge o acarajé (acara = bola de fogo + jé = comer). Na oferenda, o bolinho colorido pelo dendê é oferecido sem o comum recheio. Já o preparo vendido no tabuleiro da Yayá é feito com feijão fradinho e frito no azeite de dendê, trazido direto de Salvador. Depois, a massa é recheada com vatapá de camarões secos, a R$ 8.

Na quinta e na sexta-feira, os venerados são Oxó e Oxalá, respectivamente. Ambos são contemplados com preparos à base de milho branco. O primeiro recebe uma mistura do grão cozido com coco por cima. Já o segundo, ganha o acaçá – um cozido de milho branco processado e assado na folha de bananeira. “Para o sábado, dia de Iemanjá, fazemos um cozido de milho branco com dendê e cebola. No domingo, geralmente, a oferenda é o amalá, feito com quiabo picadinho cozido e entregue a Xangô”, completa Yayá.

“As pessoas precisam entender que esse tipo de comida não é suja. São feitas com higiene e ingredientes selecionados. O preparo é sempre minucioso e, justamente por ser para um orixá, com cuidado redobrado. Os pratos vendidos nos restaurantes e tabuleiros por aí não têm nada a ver com os usados para as oferendas”, enfatiza João Rafael.

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