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Finíssimo: Como encarar as previsões para o ano novo?

As previsões da passagem do ano, tema de interesse de muitas pessoas, foi o tema da entrevista que convedi ao jornalista Marcelo Chaves, colunista do site Finíssimo. O resultado você vê aqui.

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Como encarar as previsões para o ano novo? Vem ver!

Psicanalista junguiano e criador do método Tarot Analítico, o brasiliense João Rafael Torres recebeu o Finíssimo em seu consultório, para ensinar como encarar e absorver corretamente as previsões para o ano que se inicia.

Para ele, os oráculos são instrumentos fantásticos para orientar nosso futuro, por promoverem uma ampliação de consciência ao revelar aspectos de nossas vidas até então desconhecidos, sempre de maneira criteriosa e séria.

“No entanto, precisamos aprender a lidar com eles. As previsões estão baseadas no desdobramento do que somos hoje. Nosso futuro é reflexo do nosso presente. Tendo essa noção, podemos absorver o que elas dizem da melhor forma”.

“O ideal é revisar as pendências acumuladas até agora, avaliar quem você é e o que pode fazer para se relacionar melhor com o mundo. Assim, terá mais chances de transformar 2013 no melhor ano de sua vida”, recomenda o psicanalista.

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Clique aqui para ler a reportagem no Finíssimo.

Meia Um: A casa vermelha

 

Dentro de nós existe uma rua. Nela, nada lembra conjuntos habitacionais, planos urbanísticos ou qualquer coisa que os valha. Cada casa é de um jeito, moldada a partir das necessidades e condições de cada morador. Tem casa de fachada monumental, ostensiva. Tem taperinha, onde vive a espontaneidade. O sobrado alto é usado como torre de controle. Na casa grande, as portas estão sempre abertas para acolher os amigos. A rua é grande, sinuosa, tão populosa quanto é a nossa alma. Logo na entrada, temos uma casa vermelha. Resplandece, como os ipês no auge da seca. Essa é a casa do desejo.

Lá dentro, tudo parece imprescindível. Há sempre uma parede lisa, pedindo um quadro; um cômodo vazio, que exige mobília. A demanda é a lei nesse lar. Nem tudo que se deseja é necessário, é verdade. Mas a falta consome, mobiliza, inquieta. Até quando tudo parece preenchido, vem um estranho desejo de desejar. Quanto mais observamos a casa vermelha, mais ela cresce. Invade, empurra as demais, tomando-lhes o lugar para existir.

A sensação de falta é condição natural ao homem. Marcamos nossa progressão a partir daquilo que adquirimos, do que conseguimos suprir – seja na dimensão material, psíquica, social ou espiritual. O contentamento, entretanto, não chega. O desejo está associado a nossa capacidade de reflexão sobre a própria vida. Estabelecemos, com ele, parâmetros de uma suposta felicidade, que virá a partir de diversos fatores. Queremos ser bem-sucedidos, ou seja, atestar que conseguimos suprir faltas: relacionamentos, estabilidade profissional, conta bancária, saúde, autoimagem… uma lista composta por um sem-número de fatores.

A base de diversas filosofias orientais é uma máxima: a insaciedade é a porta para que adentremos o sofrimento. Uma vez dentro da casa vermelha, o exercício de percorrêla se transforma num martírio. Surge sempre um novo aspecto a ser explorado. Ela é sedutora demais para ser abandonada. O mundo nos diz que é nela que reside a felicidade. Demoramos, inclusive, a perceber o dano que ela nos gera, até que nos decidamos por abandoná-la. Mas, mesmo de fora, ela permanece convidativa, provocante. Impossível encará-la sem que afetos sejam mobilizados.

A falta de algo, ou a incapacidade circunstancial para adquiri-lo, desperta em nós um sentimento distorcido de impotência. Mas, afinal, a impotência é o antônimo de potência ou de prepotência? Seríamos mesmo capazes de conquistar tudo que está na casa dos desejos? Um dos desafios da existência é aprender a distinguir a necessidade da vontade e do desejo. Ou seja, separar aquilo que é verdadeiramente imprescindível para que prossigamos. E elencar as motivações que nos fazem buscar isto ou aquilo. Em geral, a aura de realização que cremos encontrar naquilo que buscamos não se encerra em si: queremos um bom emprego para suplementar um déficit relacional, cremos que um bom casamento repararia as feridas da família de origem, um corpo atraente para disfarçar a baixa autoestima… Ou seja, o desejo deturpa as necessidades reais – age nocivamente, como paliativos que levam a crer que a doença foi curada.

Em suma, verdadeiramente necessitamos de muito pouco para viver – isto é, quando comparado com tudo aquilo que supomos ser primordial, mas que, após cinco minutos de observação mais apurada, percebemos que pode esperar. Sim, na maioria das vezes, adiamos os desejos, como quem não quer ficar órfão deles. Tolice. Desejos são tão profusos como a nossa vontade de sobreviver.

A depressão, apontada como doença do século, pode ser classificada como uma patologia do desejo: da ausência dele, para ser mais preciso. Parece incongruente num primeiro olhar. A questão é que a ausência de desejo não é sinônimo de saciedade. A depressão vem como um vazio, uma dissociação do sentido existencial. Nesse quadro, o desejo se faz necessário como instrumento de cura. Mas não os desejos vazios, que nada traduziam da alma – afinal, é geralmente isso que desperta a doença.

A “boa falta” é aquela que nos leva a compreender que lidamos com um cronômetro em contagem regressiva, escondido na casa escura da incerteza – nunca sabemos quanto tempo nos resta, mas não conseguimos ignorar que ele continua gotejando a vida que se esvai. Para alguns, tal imagem nutre apenas uma angústia. Em outros, propicia o resultado: querem buscar um legado, uma afirmação do que foram enquanto indivíduos, únicos, exclusivos. Geralmente, esses últimos têm como resultado a dita felicidade. Não aquela lida nos parâmetros estatísticos, e sim a que se mede a partir da realização pessoal. Esse é o desejo bem-vindo, que gera bons frutos.

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Outras Ondas – A boa loucura

“Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, nunca convivi com pessoas muito ajuizadas”. As palavras da psiquiatra Nise da Silveira têm repercutido bastante nas redes sociais. Em tom de alerta e alento, validam a admissão das nossas loucuras corriqueiras, abafam a vontade de ser normal em excesso.

Uma coisa tem me despertado a atenção no exercício clínico: a quantidade de diagnósticos prefabricados, que validam a existência de pessoas que me procuram. Sob a justificativa de desmistificação da psiquiatria, se espalham nas prateleiras das livrarias títulos que elucidam os transtornos psíquicos – daqueles clássicos, como a histeria, aos vanguardistas, como dos transtornos disso ou daquilo. Num mundo onde todos buscam justificativas para o sofrimento e a frustração (naturais à trajetória, vale ressaltar), logo esses livros se transformam em best sellers. E seus autores, em celebridades.

Informação e conhecimento não ocupam espaço, é fato, mas interferem no que somos. Quem já teve aulas de psicopatologia sabe o quão desesperador pode ser reconhecer em si diversos sintomas das mais aterrorizantes formas de loucura. Potencialmente, temos todas elas guardadas. Mas em poucos (estima-se que em aproximadamente uma a cada dez pessoas), o sintoma se deflagrará verdadeiramente como uma psicose. Resumindo: tenhamos calma, tenhamos prudência.

Minha escolha pela escola junguiana deriva, principalmente, de uma crença fundamentada pelo psiquiatra suíço: não devemos nos ater às doenças, e sim aos doentes. Até porque isso seria injusto demais com o ser humano: coisificá-lo como o hospedeiro para um mal alienígena e independente, de forma simplista. Jung nos ensina a olhar através do sintoma, para saber o que ele representa, como chegou, quem o trouxe e, principalmente, para que ele está ali. A doença, em si, não é um problema e, como tal, seria um erro querer bani-la sumariamente. Ela é a estratégia de crescimento, encontrada por alguma instância psíquica. Uma vez compreendido o seu sentido, o sintoma cessa.

Nise da Silveira percebeu isso muito bem, ao despontar a reforma psiquiátrica brasileira. Percebeu que não adiantava combater a esquizofrenia de seus internos, mas sim dar voz às vozes que atormentavam seus doentes. Fez isso a partir da arte. E de pessoas tidas como incapazes, conseguiu extrair um rico conjunto de telas e esculturas, que hoje compõem o acervo do Museu de Imagens do Inconsciente. As obras não traduzem a dor de uma alma atormentada, e sim os tormentos da alma de todos nós. Mostram que, no fundo, somos todos muito semelhantes: uns, no entanto, têm exacerbadas a fragilidade, a imperfeição e a sensibilidade que compõem o ser humano.

Concordo com Nise e me sobe um arrepio quando me vejo diante daqueles que caçam soluções imediatas para suas loucuras. Muitas vezes, é a partir delas que temos a fresta para perceber o potencial de humanidade que mais traduz tal indivíduo. Quando perdemos a “insanidade cotidiana”, somos recompensados com a impessoalidade, os gostos robóticos e padronizados – belo presente, não? Os gregos encontraram em Dioniso a personificação divina da insanidade. Ele é o deus do êxtase e da mania, ou seja, dos desejos imperativos que a mente instala sobre o homem.  Mas que também traduz a vontade dos outros deuses, a partir da inspiração. Nas palavras de Platão, em Fredo: “As maiores bênçãos nos chegam através da loucura, quando é enviada como uma dádiva dos deuses”.

John A. Stanford completa, dizendo que o efeito de Dioniso (ou seja, da loucura) sobre os homens não era o de produzir efeitos extravagantes ou a destrutividade, e sim a verdade: “uma verdade tão profunda que não pode ser alcançada pelo intelecto, mas que pode ser conhecida pelo espírito vivo”, distante de repressões ou de oposições entre o certo e o errado, permitindo ao  espírito humano a liberdade “para ser seu mais verdadeiro eu” (em Destino, amor e êxtase – Ed. Paulus).

Em vez de combater a loucura, ou de tentar limita-la a rótulos psicopatológicos, podemos tomar-lhe proveito. O próprio Jung conduziu grande parte dos seus escritos após presenciar, ou vivenciar, experiências dignas de diagnóstico. Mas soube dar uma borda ao conteúdo vindo do inconsciente, transformando-o em subsídio para a criação de uma teoria que revolucionou a psicologia. O problema não é experimentar a loucura, é não saber o que fazer com ela.

 

Outras Ondas: A culpa que somos nós (parte 2)

 

A culpa é um dos entes mais presentes no ambiente psicoterápico. Ela se atravessa em todos os caminhos, invariavelmente, em maior ou menor grau – à exceção de casos patológicos, como entre os sociopatas. Em algumas pessoas, ocupa local psíquico privilegiado: todos os gestos, ou restrições; deriva de uma dívida que imagina ter diante do outro. O culpado, muitas vezes, fantasia ser capaz de ser o responsável pela dita ou pela desdita de seus consortes. Crença esta que merece uma atenta observação.

Podemos acreditar que o mundo é, inteiro, interligado. De tal forma que, como disse o poeta, não se pode tocar uma flor sem abalar uma brilhante estrela. Assim sendo, interferimos direta ou indiretamente nos demais seres, mesmo quando não estamos atentos a isso. Essa troca ainda é mais efetiva entre os humanos, por verossimilhança e por sinergia dos afetos. No entanto, cada um carrega em si as suas estratégias de defesa e de diferenciação dos demais. Estamos complexamente conectados e, ao mesmo tempo, vivemos a individualidade – como células que, apesar de comporem o mesmo tecido, podem ser enxergadas uma a uma como organismos independentes.

A partir desse pressuposto, podemos questionar a capacidade de um alguém de desgraçar ou de abençoar a vida de outrem. Teríamos, verdadeiramente, tamanho poder? Creio que, em vez disso, podemos pensar que qualquer bênção ou maldição só pode ser concedida por alguém quando acatada por seu destinatário. Ou seja, o aparente agente passivo da relação que envolve a culpa pode não ser tão passivo assim. Aqui, a passividade surge mais como sinônimo de permissividade, ou seja, de aceitação e aprovação. Desta forma, o vínculo que se estabelece entre o culpado e o lesado é injusto a priori. Os primeiros se responsabilizam por algo que, de fato, seria alcançado pelo outro – independentemente de quem seja o agente deflagrador.

Os que se sentem lesados tentem a buscar culpados para seus dissabores. Apoiam isso numa crença que os aproxima de mártires: munidos sempre de inocência e boas intenções, geralmente incompreendidos e injustiçados diante dos feitos heroicos que abraçam. Transformam qualquer ser comum que lhes atravessam o caminho em empecilhos, em fatores divergentes ao serviço do bem. Se fracassam, é por culpa de alguém. E caso esse alguém não esteja atento a esse tipo de armadilha, se sentirá verdadeiramente responsável pelo dano na vida do outro. Cria-se uma disputa entre o bode expiatório e o cordeiro de Deus. Qualquer tentativa do culpado soará como reparação do malfeito, o que reforçará mais o “erro” do passado do que uma tentativa de corrigi-lo.

Por outro lado, temos aqueles que nem precisam de alguém que os aponte como culpados. São natos. Acham que a existência é, por si só, motivo para que sejam demais na vida dos outros. Tentam se esquivar de tudo que sugira provocar um possível incômodo em alguém. Pedidos de desculpa são fartos em seu discurso, como se o tempo inteiro estivessem ocupando muito espaço, interferindo naquilo que não os cabe. A esses, a culpa vem para dissimular um quê de presunção, de prepotência. Afinal, somente um ego demasiado grande é capaz de crer em tamanho poder de interferência.

Há também um motivo forte para a culpa: viver bem. Somos convidados a partilhar de tudo, especialmente das insuficiências alheias – mesmo que estas tenham sido motivadas por escolhas precipitadas, ou pela falta de coragem para viver. O lado bom sugere um quê de constrangimento, capaz de inspirar algumas pessoas a mentir, ocultar ou diminuir a verdadeira graça de viver. Transformam sucessos em segredos pessoais – motivo de prejuízo, como nos alerta Jung. “Qualquer segredo pessoal atua como pecado ou culpa, independentemente de ser considerado assim ou não do ponto de vista da moral coletiva”.

O primeiro, e talvez maior, desafio para combater a culpa é desacostumar-se dela. Não é fácil se desvencilhar de algo tão aprofundado nas nossas bases psíquicas – seja pela cultura, seja pelas heranças familiares, seja por aquilo do que nos arrependemos. Cabe reconhecer a nossa imperfeição. Ao assumirmos a própria vida, estamos mais vulneráveis ao erro. Mas também mais propensos e disponíveis ao acerto, àquilo que me aproxima do meu ideal de realização. Falhas sempre hão de existir. Mas elas não devem ser a prioridade e, como tal, não podem empatar as possibilidades de avanço. Não permita que a culpa inviabilize sua chance de experimentar a felicidade.

Outras Ondas – A culpa que somos nós

Todo pensamento, desejo ou ação tem suas consequências. Toda negligência, também. Por muitas vezes, tentamos ignorar essa premissa de base. Mas ela também ignora essa nossa vontade. Funciona por si só. As consequências denunciam à consciência os erros cometidos na vida. Uma vez conscientes das falhas, brota na alma um dos sentimentos mais controversos que se pode cultivar: a culpa.

Podemos compará-la a uma espécie de cicatriz que inviabiliza a plenitude dos movimentos no presente. É o referencial de uma realidade mal sucedida que, na fantasia, deve ser reparada ou ressarcida para que a vida tenha continuidade. Uso deliberadamente o termo fantasia, pois tal reparação só poderá se dar no campo do imaginário. O tempo não permite um retrocesso para que tomemos a melhor atitude, para que evitemos o dano. Ou seja, a culpa aparece como um feto natimorto: apesar dos esforços gestacionais, não oferece nenhum alento ou capacidade de transformação. Apenas frustra, dói, imobiliza, cerceia.

A imagem de maternidade é interessante por diversos motivos. A começar, pois a marca primordial da culpa desponta no nascimento. As dores e restrições do parto (e do pós-parto) ensinam todo filho a assumir uma postura de dívida em relação à mãe, pela própria vida. Débito este que, a depender da maturidade materna, poderá ser amenizado ou agravado. Ademais, as questões de maternagem também acabam por ser uma fonte inesgotável para reforçar essa dinâmica. A culpa é da mãe, como nos ensina Freud, tem grande valia e se desdobra em diversas facetas: a culpa de uma suposta insuficiência no papel materno, a culpa que advém do vínculo simbiótico entre mãe-filho, a culpa da transferência da atenção devida à mãe para outros agentes, a culpa (do filho) por nunca conseguir restituir o esforços e a abnegação materna…

Podemos pensar nesse sentimento a partir de duas modalidades. A primeira é residual, herdada a partir dos valores aos quais fomos expostos e que nos condicionaram a partir das vivências familiares. Envolvem um complexo sistema de crenças, que envolve questões morais e religiosas. No desenvolvimento da personalidade, conseguimos até substituir parte dessas crenças – apesar de muito arraigadas. A outra classe de culpa é a que adquirimos a partir das nossas próprias escolhas, sendo assim autoimposta. Ou seja, é a traição ao que decidimos acreditar ou viver. E, como tal, pode propiciar um peso extra.

Culpamo-nos por aquilo que fizemos de errado, mas também por aquilo que os outros consideram como um erro. Ou seja, damos a permissão para sermos medidos com uma régua que não é a nossa, por parâmetros que não atendem minhas possibilidades, expectativas e potências. Pouco importa sobre a forma ou sobre a origem, toda culpa gera o mesmo mal estar. E, como tal, precisa ser interpretada como uma inutilidade.

Há quem pule para retrucar, dizendo que as experiências do passado são úteis para que não repitemos os mesmos erros. Concordo plenamente. Se há uma validade no que ficou para trás, será essa: o aprendizado, a chance de fazer diferente, de renovar-se. Mas isso não deve ser uma justificativa para que condicionemos nossos passos a uma realidade estagnada – ou, o que é pior, a algo que poderia ter existido, mas nunca existiu. Idealizar o passado ideal, as falas ideais, não nos afasta das consequências da precipitação ou do despreparo. Muitas vezes, em análise percebemos que o evento que gerou a culpa foi exatamente o que poderia ser naquelas circunstâncias. Ou seja, fazemos simplesmente o que conseguíamos fazer, fomos quem poderíamos ser. E ninguém pode ser acusado ou punido por ser insuficiente, desde que não haja a má fé.

(continua)

nivas gallo